Nas chamadas democracias representativas que se formaram na modernidade e que foram consideradas como um grande avanço para a preservação da liberdade, consolidou-se a prática da transferência das grandes decisões aos representantes do povo, deixando a este apenas a decisão sobre quem vai ocupar o cargo de representante. Tal prática é, na verdade, a assinatura da nossa própria servidão. Em que sentido se pode dizer que a representação política, nas democracias representativas é uma farsa? É farsa porque passa por uma coisa que não é. Isto é, o pressuosto de que os representantes representam os representados não se realiza, exatamente porque os deputados do povo mais representam a si mesmos e aos interesses do seu grupo de referência. Por isso mesmo, as câmaras de vereadores, as assembléias legislativas e o congresso se transformaram num local de negócios, de lobbies de interesses particulares e não de interesse público. Jean-Jacques Rousseau é o pensador que é aqui tomado como referência, porque deu início a uma crítica refinado do modelo inglês de representação ainda no século XVIII.